sábado, 28 de novembro de 2009

A Cicatriz.

Meu coração ta miudinho como uma uva, calado com uma serpente pronta pra soltar o veneno ao te morder. Eu quis você por tanto tempo tão longe, te desejei tantas desgraças acolhidas, tantos pedacinhos do meu veneno te empurrava, mas a vida ia seguindo, mesmo distante, ia porque ninguém escolhe hora pra parar ou cavalgar no mato seco, tem hora que o cavalo entra numa areia e só empurrando pra tirar...


Nosso amor era assim, um cavalo que quando caia sai com dificuldade, foi quebrando as pernas uma por uma, ficando sem vestígios guardados dentro de mim e sem a vontade de te ter de volta... Nem ódio, nem amor restaram, mesmo com essa linha fina que pairava sempre, tinha dias que eu nem sabia discernir se era amor ou ódio o que eu sentia e se sentia alguma coisa... Como esse amor que eu tinha se tornou tão intragável. As pontas do meu cigarro nem são acesas, joguei tudo fora e puxei a descarga, sem saber se era pra lá ou pra cá que você ia, também pudera eu querer te salvar e eu sou muito fraco pra entrar nessas coisas de sentimentos. Tenho um medo danado daquilo que vai ferindo tão devagar, mas tão devagar que passa a não doer. Era assim, não era? Como todo relacionamento, um idiota mais apaixonado, um sofredor mais preciso e um culpado que sempre se arrepende de tudo. Tanto tempo passa e ninguém esquece o que passou quando se tem amor dentro do peito, mesmo que se tenha mandado ir embora, mesmo que se diga que nem saudade anda sentido, fere sabe? De osso a osso, como se te quebrasse em meio a meio quando você pedisse... Porque é assim mesmo, a gente pede cada dor que tem. Somos nós os responsáveis do inicio, meio e fim da vida.

E eu não quero ser o responsável por deixar partir, não quero chorar a dor de outro alguém que a minha própria verdade desconhece, não quero suar com meu corpo frio e nem abusar da sua boa vontade, não quero te tragar novamente, mesmo que a minha necessidade por hora seja tamanha. E vou largando, vou partindo, vou deixando, olhando pra trás, porque eu tenho uma fortificação pra sair das coisas, embora quebrado, embora torto, mas pra tudo há uma despedida honesta, mesmo que sejam aquelas em que só as lágrimas falam... É preciso deixar morrer-se tudo. Até mesmo aquilo que jurávamos ser imortal.

Largar, partir, deixar? Pra quê? Eu ando tão de mão em mão pra sarar essa dor que causaram em mim e mesmo assim, não passa. Ás vezes eu tento não ser eu, porque se eu não for eu, os outros não sentirão essa dor. Mas, essa dor é tão grande que até mesmo todos os outros conseguem senti-la, e não te preocupa, essa dor é só minha. E meu grito é o mais alto de todos, mesmo em silêncio. E vai passando como quem não quer nada, porque é preciso deixar curar aquilo que a gente pede pra sentir, mesmo que a vontade seja apenas de não deixar ir embora...

Mas, não é com essa cara que estarei no final do dia, eu estarei integro novamente, com a mesma frieza que me impede de ter, com a mesma dor que me silencia a cada instante, mas vou, vou sendo, vou me tornando, vou vivendo, porque é árduo, mas desistir não é um prato que se coma quente e nem frio, desistir é uma conseqüência que vem obrigatoriamente com a morte. Estou vivo! Bem vivo. Só não me procure outro dia, porque algumas dores voltam como uma coisa que nunca sumiu... E você é boa em recomeço, já eu, dou despedidas retóricas na segunda vez. Desconfio da minha alma, imagine de quem perdeu o bem mais precioso que pude lhe dar um dia, minha confiança... Amor acaba assim, quando o ciúme é demais e a confiança não existe, ninguém suporta não ter e não dar...

2 comentários:

  1. - conheci hoje, Li todos os que já fez e todos os dias vou voltar. É bom ler coisas boas e de qualidade :D

    ResponderExcluir
  2. Me intentifico com seus textos, são muito bons de ler. E já coloquei os devidos créditos no texto que peguei. Voltarei sempre (:

    ResponderExcluir