segunda-feira, 30 de novembro de 2009

Solar.

Sou o vai e vem do sol, não me recolho, não durmo por inteiro.
Um olho se fecha e outro se abre, assim sempre...

Não consigo confiar nem mesmo em mim, se minhas mãos me tocarem lá dentro eu saio todo queimado reclamando do que senti, dói ter sentimentos trancafiados e tão protegidos. O muro é tão alto que nem força maior poderia estar dentro. Tenho uma visão avantajada do mundo, vejo tudo. Mas, sou leigo das coisas humanas, leigo desses sentimentos que não me propiciaram por medo, ou por uma culpa que não me deixa chegar lá... É tão longe, bem longe... Mas, eu vou irradiando a vida de muitos, sem chegar perto, vou abrindo um sorriso tão grande com o olhar sincero e sempre atento aos que amo. Amo todos, como meus.

Uma vez ou outra, uma mulher branca vem a mim, me tampa todo, me cobre, me esfria... E eu fico assim, perdido e quando ela se vai eu já nem sei como continuar o mesmo. To pra explodir.

BOOM!

sábado, 28 de novembro de 2009

A Cicatriz.

Meu coração ta miudinho como uma uva, calado com uma serpente pronta pra soltar o veneno ao te morder. Eu quis você por tanto tempo tão longe, te desejei tantas desgraças acolhidas, tantos pedacinhos do meu veneno te empurrava, mas a vida ia seguindo, mesmo distante, ia porque ninguém escolhe hora pra parar ou cavalgar no mato seco, tem hora que o cavalo entra numa areia e só empurrando pra tirar...


Nosso amor era assim, um cavalo que quando caia sai com dificuldade, foi quebrando as pernas uma por uma, ficando sem vestígios guardados dentro de mim e sem a vontade de te ter de volta... Nem ódio, nem amor restaram, mesmo com essa linha fina que pairava sempre, tinha dias que eu nem sabia discernir se era amor ou ódio o que eu sentia e se sentia alguma coisa... Como esse amor que eu tinha se tornou tão intragável. As pontas do meu cigarro nem são acesas, joguei tudo fora e puxei a descarga, sem saber se era pra lá ou pra cá que você ia, também pudera eu querer te salvar e eu sou muito fraco pra entrar nessas coisas de sentimentos. Tenho um medo danado daquilo que vai ferindo tão devagar, mas tão devagar que passa a não doer. Era assim, não era? Como todo relacionamento, um idiota mais apaixonado, um sofredor mais preciso e um culpado que sempre se arrepende de tudo. Tanto tempo passa e ninguém esquece o que passou quando se tem amor dentro do peito, mesmo que se tenha mandado ir embora, mesmo que se diga que nem saudade anda sentido, fere sabe? De osso a osso, como se te quebrasse em meio a meio quando você pedisse... Porque é assim mesmo, a gente pede cada dor que tem. Somos nós os responsáveis do inicio, meio e fim da vida.

E eu não quero ser o responsável por deixar partir, não quero chorar a dor de outro alguém que a minha própria verdade desconhece, não quero suar com meu corpo frio e nem abusar da sua boa vontade, não quero te tragar novamente, mesmo que a minha necessidade por hora seja tamanha. E vou largando, vou partindo, vou deixando, olhando pra trás, porque eu tenho uma fortificação pra sair das coisas, embora quebrado, embora torto, mas pra tudo há uma despedida honesta, mesmo que sejam aquelas em que só as lágrimas falam... É preciso deixar morrer-se tudo. Até mesmo aquilo que jurávamos ser imortal.

Largar, partir, deixar? Pra quê? Eu ando tão de mão em mão pra sarar essa dor que causaram em mim e mesmo assim, não passa. Ás vezes eu tento não ser eu, porque se eu não for eu, os outros não sentirão essa dor. Mas, essa dor é tão grande que até mesmo todos os outros conseguem senti-la, e não te preocupa, essa dor é só minha. E meu grito é o mais alto de todos, mesmo em silêncio. E vai passando como quem não quer nada, porque é preciso deixar curar aquilo que a gente pede pra sentir, mesmo que a vontade seja apenas de não deixar ir embora...

Mas, não é com essa cara que estarei no final do dia, eu estarei integro novamente, com a mesma frieza que me impede de ter, com a mesma dor que me silencia a cada instante, mas vou, vou sendo, vou me tornando, vou vivendo, porque é árduo, mas desistir não é um prato que se coma quente e nem frio, desistir é uma conseqüência que vem obrigatoriamente com a morte. Estou vivo! Bem vivo. Só não me procure outro dia, porque algumas dores voltam como uma coisa que nunca sumiu... E você é boa em recomeço, já eu, dou despedidas retóricas na segunda vez. Desconfio da minha alma, imagine de quem perdeu o bem mais precioso que pude lhe dar um dia, minha confiança... Amor acaba assim, quando o ciúme é demais e a confiança não existe, ninguém suporta não ter e não dar...

Não sou.

Eu sou esse vento de verão que espera o inverno pra ficar frio.
Eu sou a intensidade da chuva que derruba as casas.
Eu sou esse tumulto de pessoas que aplaudem enquanto algo emociona.
Eu sou esse transeunte que deságua no oceano por já não ter aonde ir.
Eu sou esse silêncio que fica quando se está sozinho.
Eu sou esse escuro que te faz chorar.
Eu sou esse beijo mudo que você deseja do fundo da alma poder ouvir.
Eu sou essa lágrima já enxota do teu rosto.
Eu sou o teu suspiro de dor mais profundo.
Eu sou a tua desgraça caída a fundo.
E bem lá onde dói mais, eu sou a tua alma em chamas.
E sou, vou sendo, vou deixando ser, logo já não sou.





“  ____  ___   ”

sexta-feira, 27 de novembro de 2009

"Amo tanto, tanto, tanto, que te deixo em paz."

“Hoje eu acordei numa casa diferente, num corpo diferente, numa espera diferente... Acordei assim nesse vai-e-vem da vida, sabe? Acordei jogando a vida pro alto, descendo do salto e me sentindo feliz. Acordei com essa feminilidade gritante, com esse sonho voraz de querer sempre mais, de querer mais um amor, de não acreditar na dor e esperar por um mundo feliz. Acordei achando que o dia estava lindo, mesmo com a chuva que vinha fraca me tirando a vontade de ver o sol brilhar, acordei sem nada no estômago, sem um alguém pra amar, sem ter pra onde ir, mas acordei inteira, forte e leve... E eu acho que tem de ser assim, que cada dia é uma vida, cada vida é um dia e há esperança pra que o mundo mude, pra que os homens mudem – e as mulheres também -, pra que o amor não se banalize, pra que a verdade exista, pra que os fatos estejam na nossa frente, e eu não entendo, mas tento sentir, tem coisa mais simples do que se doar por inteira ao que não desvendamos? A verdade que existe é essa, é esse jogo de cintura em amar a vida com as quedas, é erguer o braço e motivar alguém, é ser inteira com a cruz nas costas, é andar de pé sem ter as pernas... E eu não desisto, mas eu sofro sendo assim, eu sofro porque sou assim, quando você acha metade do mundo babaca, você acaba passando muito tempo sozinho.”

E quanto mais motivo à vida me dava para não sentir?...
Sim, o amor cresce, irresponsável, sem alimento, sem esperanças e de uma burrice enorme, ainda sim forte e em crescimento.

 
(Algumas frases de Tati Bernardi)

quinta-feira, 26 de novembro de 2009

Transeunte.

Esta tua silhueta encantada,
Esse teu brio de que jovem és.
E és, ou não? Jovem donzela.
Te olho entre os seios desnudos que por meus olhos
Passam, assim, despercebidos como a ambigüidade
Que vem de teus olhos.

Essa embriaguez adormecida do teu “príncipe”,
Que por jus não é encantado.
Esse mesmo que te deixa sem hora pra ir ou voltar.
Esse que te olha como donzela, na dúvida que ainda
Permanece de praxe como vós o requereis.
Deixa, ou deixarás?

E a ti donzela que com os seios desnudos
Vislumbro tua alma impetuosa, que cega os homens,
Que se alimentam do teu ventre, do teu tão amargo,
Amor... E quem vos sois? Apenas donzela em alma de peixe.
Peixe morto. Aproveite essa que tua hora é.

Ah! Gorjeias dos teus cantos.
Gorjeia donzela, teu tempo é curto e minha sede é pouca.
Deixo-vos, a deixo, tateio, tateias, tateamos, tu ou ela?
E vazio este que te cega, entre teu peito mudo.
E assim, por fim, como quem não diz nada,
Mudo fica.

 
(Um dos poemas mais difíceis de interpretação que fiz e talvez o único nessa linha, mantenha-se atento.)

Intríseco.

Eu não sabia se vivia, se era, não sabia como reformular o caco do ovo, não sabia como dar forma, como recriar, como manter e eu queria... Ou não queria? Saberia eu dizer quando um coração inocente sofre qualquer dor? Saberia eu sonhar as suas realidades por uma vez mais? Saberia eu sofrer uma última vez pela sua descoberta? Saberia eu sofrer pelo meu adeus? Mas, tudo bem. Não precisamos falar das desilusões que a vida desencadeia dia-a-dia, nem precisamos repetir o que já foi dito, o que todos já sabem... Amor fere, eu sei... Mas, é espetacular quando se sente, é adentrando as portas do céu e inferno a qualquer hora, é tocando a alma feito um surdo-mudo... E se desejas descobrir o que é real ou não, escolha viver, escolha ser a metade de algo... Não somos inteiros nessa vida. Somos toda uma metade incompleta até que acabe. A morte é a forma completa de se dizer que estou, que sou, que fui... E que não serei mais. Entendem estas alusões que me ocorrem, essas palavras intrínsecas que me desgastam? E eu precisava re-morrer, re-viver, re-criar... E da forma que não me deixam sentir, que não me deixam ser, que não me deixam fazer; não sei se chego lá. Se quero estar lá, se compreendo a dimensão de onde vou; para onde vou, para onde chegarei e se voltarei um dia...


Mas, no fim das contas se ama? E se ama com desespero, se ama com fogo, se ama em desgraça, se ama... Ama a si mesmo e ao outro, desvencilha-se das crenças e criam-se novas e quando acaba não sabe como é re-viver ou voltar a ser o que era, não sabe o que a liberdade implica, se a liberdade está, se quer essa liberdade de volta... Só se sabe que vive, que vive pela metade, que vive em vala, que vive num breu e caos... Até que se compreenda que se perdeu o que não se soltou, e a compreensão se torna impossível, só deixa ir.

Eu quero muito ser feliz. Mesmo que eu não saiba o que é felicidade.

terça-feira, 24 de novembro de 2009

"Pra mim é tudo ou nunca mais..."

Não me culpe pelo exagero em vida. Eu sou esse exagero, não sei ser de meio termo, de meias coisas, de meias palavras – mesmo que o mínimo soe sempre como resposta – e depois não é que a vida seja tão graciosa quanto parece, é que ela me é atraente e não me responsabilizo pelos impulsos, pelos instintos, pela força que nunca me deixa dizer adeus ou desistir. Vou com força, vou sem medo, mas não sei lidar com o mais ou menos que a vida compõe, que as pessoas trazem, que a vida joga a minha porta como se eu recolhesse esse osso por hora. Não quero meios amores, meios sabores, meias resposta, se for pra ser que seja inteiro, que seja de exageros, que seja assim, EXAGERADO, que seja vivo...


E eu vivo, vivo como um louco, com a facilidade que a vida impõe em deixar ficar e ir. E é preciso, que se morra de instintos pra se ter vivido mais ou menos que alguém... Não é essa quantidade de tempo que decide e sim a possibilidade que me arranca desse hoje, desse amanhã e não desse nunca mais que esperam tanto, se tem uma certeza que me dou todo dia, é que nada na vida é nunca.


segunda-feira, 2 de novembro de 2009

Bocados.

Preciso de uma verdadeira ereção. Ereção sem maldades ou intimidades pro adjetivo “sexual”. Eu costumo acreditar que uma ereção em longo prazo é quando você se depara com os amigos num barzinho e falam de como vai à vida, esses prazeres que por vez ou outra parecem pequenos e é nisso que encontro essa minha ereção mundana, nesses pequenos detalhes da vida, nesse amor frouxo de consideração, nessa emancipação louca de amigo-irmão, sabe? Mas, a minha ereção verdadeira é quando eu me deparo assim, sozinho no enlace do momento, me deixando levar pelo embalo das coisas que só eu posso entender – já tiveram esses momentos ai? Esse em que você abre o chuveiro e acende um cigarro e desata a pensar nas desgraças que vem ocorrendo? Eu vivo desses momentos malucos da mente – e que ninguém mais poderia ousar nisso ou tentar, não estou aberto pra desperdiço, pois estou fechado para balanço, por hora...


Eu e a minha lucidez louca vivemos transando no espaço.”

Essa vai ser sempre uma frase de abertura intima, porque eu tenho esse convívio de mim para comigo mesmo sempre e acho que as pessoas deveriam se encontrar ao invés de estarem sempre procurado no outro aquilo que não encontram em si mesmas – diga-se de passagem, que nunca vão encontrar -, porque relatividade tamanha nos humanos é uma dádiva, ou não.