Eu venho agora como uma despedida torta.
Eu venho pelos ventos que me trouxeram de longe, te dizer adeus. Eu sei que ainda falta muito pra ir, mas é que o barco ta furado, eu estou furado e essa ferida de pus e sangue não fecha, ferida essa que só os meus olhos vêem, lá no fundo, bem lá no fundo. Queria subitamente por meu coração no armário e deixar lá, até mofar e eu não sentir nada. Mas, é que nem sempre se mede as forças com a racionalidade – que não existe – assim, eu também sei que a mente é torta e não se conserta, nem se manda nela. Ela tem vida própria e eu não sei agir sem esses impulsos que me jogam na ladeira mais baixa, ou na vala seca que fica logo ali. Lá onde você deixou. Eu sei você quer que eu fique, mas não me oferece nada em troca, me segura e depois solta, assim, como se não tivesse muita importância.
E eu não entendo mais. Eu fecho os olhos assim de mansinho e te dou um sorriso mudo, apago as luzes do quarto e deixo uma lágrima correr, assim, devagarzinho. E vou deixando que minha mente mande, me descabele, que fale, que me pare... E eu não sei, sabe? Eu não sei se eu vou, se eu fico, se eu volto, se eu espero, se eu deixo, eu não sei... Mas, me diz você? Diz-me você que é sempre dona da razão e dos medos, dona da certeza e da prioridade. Manda-me ir embora e pede pra eu não voltar. Eu não sei, nem quero saber te deixar ir. Mesmo que você deixe, eu vou esperar. Por quantas vezes eu fingi não te ouvir, não sentir, não saber. E eu não sei. Sou esse moleque desvairado e bobo que para e banaliza as vírgulas, as circunstâncias. Mas, eu gosto da vida, gosto dos erros, dos meus medos. Porque eu me sinto vivo, me sinto intenso. E então, num dia de frio como os outros, existiu você. Existiram riscos, conseqüências... Existiram.
E respirando baixo, enquanto ecoava um som do fundo do armário.
Eu preguei meu coração num cabide e saí pra rua.
Eu olhava em volta sem sorrisos e meu coração dizia não. Eu o ouvia, por mais longe que eu pusesse, ele estava assim, com você.
(Um pequeno desabafo, apenas.)
ooh my, que coisa mais linda *-* '
ResponderExcluirah, como sempre né ? voc escreve divinamente bem, e sabe disso, né ? (: '
'Mas a última vez que ele foi embora, antes me deu um abraço de quem nunca saiu do mesmo lugar. O abraço e o seu olhar de quem nunca sabe direito porque vai embora ficaram pra sempre comigo.'
ResponderExcluirTati Bernardi.
inverta a situação.
amanhã comento direito.
Ass,
Beija-flor.