Por você:
Eu não sou esse que te toca e que você vê.
Não sou esse que te assusta ou te traz pra perto.
Não sou esse que você sente que abraça, que beija, que fica.
Eu sou esse que te olha fixamente nos olhos todos os dias, sem deixar vestígios.
Eu sou esse que sonha, que espera, que fica contente com a tua felicidade.
Eu sou esse que adormece enquanto cruza os braços e vê que o seu pesadelo passou.
Eu sou esse que espera o seu melhor, que te dá forças, que se encolhe todo quando não tem o que oferecer.
Eu sou esse. Esse e só esse.
Esse que embora nada diga tudo faz por você, tudo mede por você, tudo sonha por você. Tudo cobra de você. Esse que te olha à distância e que sente calafrios em te ter por perto, não as borboletas, mas os dragões no estomago porque é um fogo que não queima, mas não deixa parar de ferir.
E sou esse, que te olha do alto e vê você passando.
Esse que te espia na espreita, na calada.
Esse incansável.
Esse que bem lá de longe só quer te ver sorrir.
Depois:
Depois!
È ai que o mundo para, que as cordas vocais desandam, que as paredes ficam mudas, que o dia vira noite, que o sol quente me deixa com frio. E é só depois.
Depois de ter você, eu não lembro de muita coisa.
Eu sei que tenho de seguir em frente e deixar o que passou, mas é que eu não sei sabe?
Eu não sei como olhar pro mato seco e fingir que não estou ali. Fingir que eu estou bem.
Eu não sei ser assim. Não sei fingir, não sei ser o que não sou.
E depois eu não quero que essa dor aqui que me assola como bolo murcho passe.
Eu não quero ter de dizer “tchau”, então eu me grudo no mínimo vestígio de presença, no mínimo agudo que soa da sua voz, assim, na minha mente. Eu puxo tudo isso pra mim, esse bocado que eu não quero que saia e eu vou me confundindo, errando, solando, passando, deixando... Mas, eu volto. Volto porque não sei o que é suficiente, insistente de verdade.
Eu sei do antes, não do depois.
Eu sei do agora, não do amanhã.
E assim eu vou me prendendo nisso, nisso que eu chamo de depois.
E depois de ter você, pra quê?
(...)
(Texto dedicado a Nádia Moraes de grande importância nos meus escritos melosos e creio que não haja muito mais ao que se falar, apenas que foi feito com grande intensidade, veracidade e amor. Os meus mais puros sentimentos a ela.)
P.S.: O título vem de uma música de Adriana Calcanhoto - embora eu não tenha certeza é com a voz dela que escuto - Cantada - Depois de ter você.
segunda-feira, 26 de outubro de 2009
Assinar:
Postar comentários (Atom)
O depois e o antes não importa muito... Você sabe. De qualquer jeito vai ter você.Mesmo que não presente assim..
ResponderExcluirEscuta:
É como ficar com sede
Eu não te tenho sempre
Mas é tão bom tomar água.
Ass,
Nádia.
Eu sou confusa.
Mas você sabe que eu te amo.
Simplesmente magnífico *-*
ResponderExcluirEu não sei ser assim. Não sei fingir, não sei ser o que não sou.
Perfeito perfeito!
Perfeito por demais, nossa.
ResponderExcluir